sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Excursões de férias - alerta à comunidade escolar PDF

Excursões de férias - alerta à comunidade escolar PDF Imprimir E-mail
Por Cel Araujo
05 / 08 / 2010
A propósito da reportagem de Zero Hora do dia 01 de agosto, abaixo transcrita, e considerando os problemas havidos e os potencialmente existentes em excursões dessa natureza, o Colégio Militar de Porto Alegre alerta a comunidade escolar que não apóia e/ou estimula tais eventos, haja vista que:

* não há o acompanhamento de pais ou profissionais do Colégio;

* há guias jovens demais, alguns entre 18 e 20 anos, carecendo ainda de experiência, maturidade, ascendência e preparo técnico-profissional para a condução e o trato com adolescentes;

* a compra de bebidas alcoólicas em algumas dessas cidades está facilmente ao alcance dos menores de idade, particularmente em barracas situadas na orla marítima;



Abaixo são transcritas as matérias do jornal Zero Hora, de 01 de agosto, e do jornal online Radar64, da Bahia. Este último noticia o falecimento recente de uma adolescente de Porto Alegre em Porto Seguro.No link existente após essa última reportagem estão 27 comentários de internautas, parte deles residentes na região de Porto Seguro.


01 de agosto de 2010 | N° 16414
EXCURSÃO DE ADOLESCENTES
Que férias são essas?

Aguardadas com ansiedade pelos estudantes, as excursões ao lado de colegas de escola são motivo de preocupação para muitos pais. Dois dos destinos mais cobiçados, Porto Seguro, na Bahia, e Bariloche, na Argentina, oferecem festas e livre comércio de bebida alcoólica. Especialistas recomendam que a decisão de permitir ou não a viagem seja baseada no histórico de comportamento do adolescente

O crescimento vertiginoso de excursões organizadas para estudantes do Ensino Médio para destinos como Porto Seguro e Bariloche faz aumentar, na mesma medida, a preocupação de pais e mães com a segurança dos filhos.

Segundo estimativa da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), a procura por esse tipo de serviço aumenta cerca de 20% a cada ano. O que angustia as famílias de alunos em viagem são o uso de álcool e drogas por adolescentes estimulados pela distância de casa e relatos de falta de preparo por parte de algumas empresas.

Nos últimos anos, os passeios se tornaram uma tradição em períodos de férias como o mês de julho. Estudantes fecham pacotes com agências de viagens e lotam ônibus rumo a Bariloche, na Argentina, Ilha do Mel (PR), Porto Seguro (BA) ou Florianópolis (SC), os locais prediletos das excursões juvenis. A viagem dos sonhos de muitos colegas de escola, porém, por vezes acaba tirando o sono dos pais.

A administradora de empresas da Capital Márcia Dal Bosco, 46 anos, resistiu o quanto pôde aos apelos da filha única para viajar com os amigos de colégio para Porto Seguro. Estava decidida a manter Débora Dal Bosco Machado, 17 anos, em casa devido a experiências desagradáveis ocorridas em viagens anteriores. Em uma delas, ficou sabendo que um monitor contratado por uma agência de viagens, de 18 anos, havia assediado uma passageira de apenas 13 anos.

– Em primeiro lugar, já acho um absurdo colocarem adolescentes para tomar conta de outros adolescentes. Depois, alguém a serviço da empresa não pode assediar uma menina de 13 durante a viagem. Mesmo que não tenha sido com a minha filha, denunciei o caso. Mas ninguém deu muita importância – lamenta a empresária.

Abusos com álcool e drogas

Em outra oportunidade, uma menina ficou doente, com febre, e não teve o atendimento médico adequado. Por isso, Márcia proibiu a filha de viajar a Bariloche na excursão seguinte da turma. Preferiu mandar Débora para um curso de intercâmbio nos Estados Unidos. Agora, porém, como a adolescente já está concluindo o Ensino Médio e insistiu muito – até mesmo elaborou uma lista com argumentos para sensibilizar os pais –, a mãe optou por permitir a nova aventura.

A filha retornou da Bahia em segurança, quarta-feira passada, mas testemunhou outro tipo de comportamento associado aos comboios de estudantes: abusos com álcool e drogas.

– O pessoal já viaja para isso mesmo, beber, ir com tudo – conta Débora (leia entrevista ao lado).

Um dos destinos preferenciais, Porto Seguro oferece a famosa Passarela do Álcool, via repleta de quiosques onde os visitantes costumam beber madrugada adentro. Em Bariloche, os pacotes costumam incluir noitadas em boates onde também se vende bebida.

Para reduzir os riscos envolvendo o turismo juvenil, a seccional gaúcha da Abav solicitou, no começo deste ano, maior rigor na fiscalização do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) sobre os ônibus que fazem este serviço. A intenção é garantir que a documentação do veículo esteja em dia, e a viagem seja acompanhada por um guia de turismo devidamente cadastrado no Ministério do Turismo.

– O problema é que, como há uma procura cada vez maior, há empresas sem condições oferecendo esse serviço. Geralmente, oferecem preços de 20% a 40% menores, mas sem a segurança necessária – avalia a presidente da Abav gaúcha, Rita Vasconcelos.

Segundo Rita, é importante avaliar a experiência e a estrutura da empresa a ser contratada, não apenas o preço. Por isso, o ideal é que a escolha não seja deixada sob responsabilidade dos próprios estudantes.
“Me senti livre. Como nunca havia me sentido”
Débora Dal Bosco Machado, estudante

Recém-chegada de uma viagem com dezenas de outros estudantes porto-alegrenses a Porto Seguro, na Bahia, a adolescente Débora Dal Bosco Machado, 17 anos, testemunhou cenas que são frequentes nesse tipo de passeio juvenil.

Grupos de estudantes aproveitam a distância de casa para beber até cair ou consumir drogas ilícitas como maconha. Confira a entrevista concedida em sua casa:

Zero Hora – Tu acabaste de voltar de uma excursão. Os jovens realmente exageram nessas viagens?

Débora – Olha, eu mesma me senti muito livre. Como nunca havia me sentido. Mas tenho responsabilidade.

ZH – Há abuso de álcool?

Débora – Em Porto Seguro, tem a Passarela do Álcool. Então os estudantes vão para lá já com a intenção de se esbaldar, beber tudo.

ZH – E bebem até passar mal?

Débora – Sim, alguns fazem isso, bebem demais. Muita gente passou mal depois de beber lá em Porto Seguro. Mas não é só álcool...

ZH – O que mais?

Débora – Outras drogas também.

ZH – Como maconha?

Débora – É, maconha eu vi usarem. Mas soube de gente usando coisa mais pesada também.

ZH – E existe pressão sobre quem não bebe, para que também tome álcool, por exemplo?

Débora – Tem, algumas pessoas insistem para que os outros também bebam. Tem essa pressão. Por sorte, fiquei em um quarto com uma amiga minha muito querida, que não bebe nada.
Conheça os amigos e os guias

A decisão de permitir ou não que o filho participe de uma excursão deve levar em conta vários fatores – um dos mais importantes é o histórico do adolescente. O principal requisito para o estudante é ter uma longa relação de franqueza e confiança com os pais. Além disso, é essencial observar a estrutura da agência de turismo e quem serão os companheiros de viagem.

Para a psicóloga Fabiana Gebhardt, os pais não devem concordar só porque os amigos dos filhos irão. O primeiro aspecto a ser considerado é a maturidade do jovem. A análise deve ser baseada não apenas nas semanas anteriores à partida, mas no comportamento ao longo dos anos.

– Quando o adolescente já extrapolou os limites algumas vezes, se não há confiança plena dos pais, pode não ser boa ideia. A viagem é uma prova de confiança – sustenta Fabiana.

Conforme a psicóloga Ana Roberta Richter, como nessa faixa etária há muita suscetibilidade à influência do grupo, é importante saber quem serão os colegas que viajarão junto e se têm bom comportamento. O ideal é conhecer também os familiares desses amigos.

– Outra coisa fundamental é procurar conhecer quem serão os guias – orienta a especialista.

A presidente do Sindicato Estadual dos Guias de Turismo, Sueli Ribeiro, alerta que o responsável por orientar os passageiros deve ser um profissional com registro no Ministério do Turismo e identificado por um crachá.

Quando houver razões para não permitir, Ana Roberta orienta os pais a esclarecer por que tomaram essa decisão e, se entenderem que o filho merece, negociar uma compensação:

– O importante é sempre ter espaço para o diálogo, para a negociação.

A vantagem de um passeio sem os pais e longe de excessos, conforme Fabiana, é a de um rito de passagem para a maioridade. A viagem pode até aumentar a autoestima e a responsabilidade. Para isso, cabe aos familiares fazerem o possível para livrar o caminho dos filhos de eventuais armadilhas.
Escolas evitam se envolver nos planos

Preocupadas em não sofrer eventuais responsabilizações legais por problemas ocorridos nas viagens de férias do Ensino Médio, de maneira geral as escolas não se envolvem com a organização dos passeios. Mais recentemente, muitos colégios evitam até que as reuniões para organizar esses eventos ocorram em seus espaços.

Algumas décadas atrás, alguns estabelecimentos até se incumbiam de organizar viagens de formandos do antigo secundário – geralmente, combinando passeios com atividades de cunho mais pedagógico como visitas a museus. Hoje, porém, a intenção é se afastar cada vez mais dos comboios de jovens que cruzam o país em busca de diversão.

Conforme o presidente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), Osvino Toillier, os estabelecimentos têm medo das consequências de eventuais excessos praticados longe de casa.

– Começaram a aparecer situações que são difíceis para uma escola gerenciar, como festas, noitadas, baladas. Pela responsabilidade que teria em alguma eventualidade, algum problema, as escolas passaram a ter receio – confirma Toillier.

Além de evitar envolvimento direto na organização dos roteiros de férias, as instituições já proíbem até que as reuniões entre estudantes, pais e agências de viagens ocorram em suas dependências.

– Não permitimos a entrada de nenhuma empresa e, quando os alunos resolvem viajar, enviamos uma carta aos pais informando que a responsabilidade é exclusivamente deles – afirma a irmã Maria José de Souza, diretora do Colégio Vicentino Santa Cecília, da Capital.

A orientação é a mesma no Colégio Rosário, a fim de evitar mal-entendidos que levem pais a acreditarem que a escola tem participação na elaboração do passeio. Até mesmo uma circular foi enviada para a casa dos alunos, há poucas semanas, informando que a instituição não se envolve nesse tipo de projeto.

– Também entendo que para a família é difícil deixar o seu filho de fora, apenas é preciso ter consciência clara do risco que uma viagem representa – observa Toillier.
Corpo de gaúcha morta em Porto Seguro é cremado
Por Redação RADAR64 (Bahia)


PORTO SEGURO - O corpo da estudante de 16 anos que morreu em Porto Seguro, foi velado no Crematório Metropolitano de Porto Alegre, nesta segunda-feira (26). Laura Cardoso, segundo o irmão Gabriel Cardoso, foi vítima de um aneurisma cerebral.

A jovem estava na cidade desde o último dia 14 com um grupo de amigos e suporte de uma agência de viagens. Ela passou mal no domingo, por volta das 02h da madrugada, no Hotel Sueds, Orla Norte da cidade, onde estava hospedada.

Gabriel, que estava em Porto Alegre e recebeu a notícia do falecimento uma hora depois por telefone, conta que a estudante do 3º ano do Ensino Médio estava indo a uma festa, quando se sentiu mal e voltou para o hotel. Chegando lá, um médico foi chamado, e ela encaminhada para um hospital particular, onde foi diagnosticado o aneurisma.

O corpo chegou a Porto Alegre de manhã e foi cremado às 21h. O Instituto Médico Legal de Porto Seguro deve divulgar o laudo com as causas da morte dentro de 20 dias.

De acordo com um médico neurologista ouvido pelo RADAR64, aneurisma cerebral é a dilatação de uma artéria do cérebro, que pode se romper pela pressão sanguínea devido à fragilidade da parede desse vaso.
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Última Atualização ( 06 / 08 / 2010 )


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